Vivemos em tempos de turbulência, com nervos à flor da pele. Surgem, frequentemente, na convivência nossa de cada dia, dificuldades de compreensão oral, escrita, gestual... Pouco nos foi ensinado sobre ouvir e tentar compreender o outro compreender o outro, sem sobrepor o nosso pensamento ao que está sendo dito por ele. Pouco aprendemos sobre escutar o outro como outro sem o eco de nossas próprias palavras.
O ser humano é um lutador por natureza. Ele precisa lutar diariamente para vencer obstáculos e, assim , atingir seus objetivos. Nossas dificuldades se acentuam quando aumentam o número de interlocutores, pois estamos ainda aprendendo a ouvir e a conviver em comunidade. Viver em comunidade é estar próximo a todo tipo de pessoa, é conviver com ideias antagônicas, com propostas que nosso quadro de referências não permite contar, concordar.
Viajar é trocar a roupa da alma
A história evolui desde sempre, ensinando-nos que o confronto respeitoso - sem deixar de ser confronto - é benéfico à evolução. Aprende -se quando se discute e se convive ao longo da vida. Nosso crescimento ocorre muito por conta das discordâncias, discordando uns dos outros descobrimos muita vezes novas formas de ver e novos caminhos a seguir.
Nos últimos tempos, infelizmente o fato de não concordar com o posicionamento e ideias das outras pessoas passou a ser um fator complicador, ainda que as diferenças sejam muito pequenas. Parece mesmo que as pessoas não estão tendo paciência de conversar, de ouvir e de entender as propostas alheias, sem obrigatoriamente aderir ou concordar. Quando isso ocorre, conflitos se aprofundam desnecessariamente, machucando pessoas e piorando as condições de convivência.
Foto: Pixabay
Com o advento das redes sociais, as discussões se ampliaram de forma significativa. Uma opinião, às vezes simples, sobre um assunto que nem é polêmico, ganha repercussão e passa ser a abordada de forma positiva ou negativa mas como a forma de cada pessoa ver fosse única e indiscutível. Muitos problemas também são de linguagem apenas, resultantes da dificuldade ler o outro como outro... e não como uma repetição do que cada um está pensando.
VÍDEO: você quer ser alguém ou qualquer um?
Aprender a ouvir o outro, a contribuir com as discussões de forma propositiva, não impositiva, com respeito e leveza é fundamental. Impor nossos desejos a outros é criar conflitos muitas vezes inúteis e provoca posições extremas que não ajudam em nada.
Como indivíduos e como membros de uma comunidade podemos propor projetos e ideias que beneficiem a todos, que melhorem a qualidade de vida e tragam melhoras significativas às comunidades. Precisamos, entretanto, saber ouvir, estar abertos a novas propostas, saber aprender, e conviver com o que nos rodeia. Certamente não é através da agressão ao outro que mudanças ocorrem. O mundo evolui com o crescimento coletivo e com a discussão de projetos que promovam o bem de todos.